Todos sabem da minha opção religiosa há tempos: sou ateu. Entretanto, tive uma educação religiosa onde o amor era a base para todas as coisas. Diz-se que “mesmo da desgraça pode tirar-se algo proveitoso”. Concordo.
Sendo assim, depois de anos me “transformando em Palhaço”, depois de anos colocando o nariz vermelho para cada representação, criei o meu ritual. Chamei de “oração”, porque assim todos iriam “olhar com olhos diferentes”, uma vez que a mesma foi criada por um ateu.
Talvez eu também chamasse de “ritual do Palhaço” ou “momento de introspecção”, mas, não acredito que daria o mesmo efeito.
Essas frases vieram de um momento muito puro e sincero, onde o meu coração  é quem fala. Mas você está livre para achar uma droga:

“Que eu seja o mais sincero possível com o meu público…”
Aprendi que, Palhaço não é personagem. Palhaço é você mesmo, em sua essência. Sem precisar parecer ser ou estar.
Cada segundo de minha vida, é dedicado ao meu público que está comigo ou que estará. Logo, tento despertar em mim o máximo de sinceridade, pureza, aceitação, compreensão e acima de tudo, amor.
Quero poder trazê-los ao meu mundo e transformá-los para que sejam melhores em suas vidas, mesmo que o “efeito” dure alguns segundos, minutos, horas…
Tento “trocar” ao máximo: te dou a minha vida e você me dá o seu “amar” em forma de aplauso.

“Quê eu dê o meu melhor…”
Aqui, não penso só em melhor como ser humano, mas também como profissional. Não penso duas vezes em apresentar, para aquela criança que está me olhando encantada, ou para aquela vó que ri sem parar, ou até mesmo aquele pai carrancudo, que no final, me aceita e começa a rir de mim, minha melhor piada, mágica ou acrobacia. Se uma pessoa estiver comigo, o espetáculo sempre continuará.

“E que o universo conspire a meu favor…”
Diz a lenda que, uma vez de Palhaço, não importa o quanto você se “ferre em cena”, no final, você sempre se salvará. Acontecerá alguma coisa que te colocará “lá em cima”, antes de sair dos olhares de seu público.
Para um Palhaço, o “dar errado” é bom. Não! É ÓTIMO!!!
O grande Palhaço, é aquele que vive no erro e no problema. Ele vem pra tocar uma música e… O violão quebra. Mas mesmo assim, ele consegue tocar sua música. Se será boa ou não, o público é quem decidirá. E se for horrível, ele poderá ser considerado formidável se for sincero.
Só que, existe o fator sorte que joga com ele. Isso acontece muito. O violão quebra, mas alguém do público tem um no carro ou, as pessoas começam a aplaudir, enquanto ele canta a sua música ou, ele tem uma idéia genial e decide fazer uma música usando as pessoas ao invés de instrumentos.
Enfim, tudo pode acontecer, quando o universo conspira a seu favor.