Poxa vida, Domingos! ;o(

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Aqui, do outro lado do Atlântico, torcendo desesperadamente para que isto seja uma daquelas brincadeiras muito sem graça. Torcendo para que todos os sites comecem a desmentir que você partiu.

Torcendo… Torcendo… Torcendo… Suplicando…

Você não era meu sangue. Tampouco alguém com quem tive uma daquelas longas conversas para falar da vida mas « estranhamente » você me ensinou muito sobre ela.

Te conheci quando ainda estava no CEFAC. Disseram assim: se você quer mesmo ser palhaço, tem que assistir a esse cara.

Não vou mentir que, minha ignorância não me permitiu entender de cara o que era ser « escada ». Eu queria ser o centro das atenções. Queria ser « Augusto ».

O tempo passou e quanto mais eu estudava, mais entendia a importância do « escada ». Entendi que o Fernando não poderia ser uma « Monga » excepcional sem você ali.

A ficha caiu quando assisti « A noite dos palhaços mudos ». A frase que todos diziam nos bastidores: « Domingos, o maior escada do Brasil », caiu como uma luva para aquele momento. Me lembro perfeitamente deste dia pois não assisti a um espetáculo, assisti a uma aula de “como ser palhaço”.

Eu não convivi contigo mas o pouco de tempo que estive ao seu lado, cada conselho ou história era uma forma de me sentir mais forte.

Nossa arte, no « país do futebol », nunca teve muita importância. Você, palhaço de circo, foi se transformar em galã de novela.

Confesso que nunca assisti a nenhuma de suas novelas ou filmes. Talvez por estar fora do país e não ter acesso ao que você fazia ou às vezes por desinteresse mesmo afinal, você já tinha me marcado tão forte que, no fundo, no fundo, tinha medo que ao ver outra obra na tv, você acabasse quebrando aquela imagem de « foda » que você sempre teve pra mim.

Isso não significa que não ficava feliz ao ver notícias com seu nome. Pelo contrário. Torcia muito pelo seu sucesso. Você sempre foi merecedor. Me lembro que, certa vez vi um pequeno trecho em que você falava do circo no Faustão. Você sempre defendeu nossa causa onde quer que fosse e nunca teve vergonha em dizer que era palhaço de circo.

Não posso, não quero e não irei dizer que você foi.

Um artista como você nunca ficará no passado. Seu legado, nome, obra, ensinamentos ficarão aí para que todos possam saber que o maior «  escada » do circo brasileiro se chamou Domingos Montagner. Claro que, você era um ator sensacional e por esta razão todos no Brasil te conheciam. Pelo seu talento, pelo seu trabalho, pelo seu profissionalismo, carisma…

E muito mais do que isso: você era aquele cara humilde. Aquela pessoa que não se importava se o cara era amador, profissional, rico ou pobre. Você era foda demais, Domingão!

Me lembro que, certa vez, no circo onde trabalhava, tivemos a « semana dos palhaços », onde os melhores grupos iriam se apresentar. Você estava se aquecendo e eu cheguei humildemente para te pedir alguns conselhos. Fiquei super lisonjeado pois você tinha visto meu show e elogiou meu trampo. Disse que eu tinha futuro. Que eu iria longe. Que dependia só de mim.

Valeu Domingos! De verdade. Você ainda está aqui na minha cabeça, chicoteando o chão e gritando « Monga! Junto! Monga! Junto » ou tocando os sinos na « noite dos palhaços mudos ».

Obrigado por fazer parte da minha trajetória de artista.

Obrigado por fazer parte da trajetória de centenas de artistas.

Obrigado por mudar a vida de milhares de pessoas.

Obrigado por ser palhaço e provar que o mundo é muito pequeno quando se sonha grande.

Raulcropped-logo-milho.png(aqui, sentado em frente ao computador, as lágrimas estão querendo cair mas como ainda não consigo acreditar, estou meio que em estado de choque)

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