Se trabalhar todos os dias te desse de fato algo, todos os pedreiros seriam donos de construtoras.

37 anos!

Tive recentemente a epifania mais dura de toda a minha vida: talvez, mesmo com todo o meu esforço, talvez, mesmo com todo o meu trabalho, talvez, depois de me doar por inteiro e estar todo ferrado fisicamente, talvez eu nem seja tão bom assim.

Abdiquei de muita coisa. Fui constantemente humilhado. Perdi todo o dinheiro que ganhei e acreditei no público.

Sempre disse que havia vendido minha alma ao público. Acreditei que sendo profissional e dando sempre o máximo, ganharia respeito e consideração.

Tentando fazer parte da nova geração, criei meus perfis em todas as redes sociais pois sempre acreditei que as pessoas compartilhariam meu trabalho.

Fiz uma multitude de shows na rua. Nunca me senti tão importante para a sociedade!… Ao mesmo tempo em que sentia a mudança do ser humano, via meu chapéu vazio e por consequência passei enormes dificuldades financeiras.

Acreditei em pessoas que não deveria. Fui enganado. Poderia ter jogado o jogo do sistema mas tentei seguir meu coração e ser fiel aos meus princípios. Nunca “entrou tão profundo”.

Dei lugar, deixei de cobrar, acreditei em falsos amores…

Queria muito terminar este relato com algo positivo mas um passarinho que perde suas asas morre em pouquíssimo tempo. Até acho que durei muito.

Estou cansado de acreditar que amanhã será diferente. Cansado de sentir dores. Cansado de não ter valor.

Meus heróis já morreram de overdose e meus inimigos estão no poder.

Fechem as cortinas. O show acabou de acabar. Talvez lá longe entendam ou talvez eu aprenda que essa história de sonho que se torna realidade não passa apenas de papo furado, um conto, uma história de carochinha.