6. Questionar é preciso

Você pode acreditar no que quiser. Você pode cultuar o que quiser. So não pode NÃO ACREDITAR. Como assim? E o livre arbítrio????

Mais o tempo passa, mais vejo o quanto religiões ditam a merda do mundo em que vivemos. Mata-se em nome de deus, rouba-se em nome de deus e alguns até dizem que são o próprio. 

Não consigo aceitar um deus ciumento (onde devo amá-lo acima de todas as coisas). Não amo Deus mais do que meus filhos. Não amo ter que sair do Brasil pra tentar uma vida melhor e ficar longe do meu pequeno que tem apenas seis anos.

Quando era pequeno, foi feita uma lavagem cerebral em mim. A igreja era sempre o melhor caminho. Eu disse a igreja mesmo, não deus. Me lembro que, em dias muito difíceis para uma criança problemática, (eu era problemático porque questionava muito), implorava a deus para que meu pai não chegasse bêbado em casa e judiasse de minha vó, (que na época era a pessoa que  mais amava no mundo). Tinha 6 anos. Minha impressão é que deus nunca me ouvia.

Um dia cresci.

Daí meu pai chegou de novo bêbado em casa… Quebrei a cara dele. Não me orgulho do meu ato, mas me orgulho de ter posto para fora tudo que estava sentindo. Foram 20 anos aturando meu pai chamar uma senhora de “filha da puta” e dizer que preferiria vê-la morta e que um dia dançaria em cima do seu caixão.

Minha família se rebelou contra mim quando eu disse essas mesmas coisas ao meu pai. Não tinha o direito de fazer, porque um pai, é um pai.

Já minha mãe era intolerante. Eu pequeno. Ela muito jovem. Jovem o bastante para perder a paciência dezenas de milhares de vezes por absolutamente nada. E todas, eu disse todas as vezes em que ela perdia a paciência, ela me batia: tapa na cara, cintada, pauladas… Depois vinha e pedia desculpas. Quando chorava depois de uma surra  por algo que julgasse injusto, prometia para mim mesmo no banho, que um dia ela iria chorar todas as lágrimas derramadas por mim.

Não é a toa que na adolescência fui revoltado. Aprendi que o que fazia na infância deveria ser feito na vida adulta, ou seja, devia questionar o meio e o mundo em que vivo.

Me lembro que aos 19 anos, tinha milhões de projetos e todos, eu disse todos da minha família NÃO ACREDITAVAM EM MIM. Até os que queriam acreditar, (como meu primo por exemplo, criado comigo), tentavam colocar de alguma forma, “juízo na minha cabeça oca”.

Sempre tive o espírito de líder. Nas brincadeiras queria dar as idéias e também liderar. Sempre. Devo admitir que isso é chato em excesso. Mas não sabia. Só queria, na verdade, proporcionar o melhor para todos mas não sabia me expressar, pois era jovem, pequeno e quando se é pequeno, você não tem nenhum respeito se não for igual aos outros. Se ao menos tivesse papais que me olhassem de forma diferente…

Tive uma fase na infância onde acreditei que ser jogador de futebol ou cantor seriam as soluções para todos os meus problemas. Descobri hoje, que eu não amava realmente o futebol pois, quando se acredita em algo, de verdade a gente consegue chegar lá.  Mas nem tudo é um mar de rosas. Em todos as suas escolhas, para você que é pobre, existem milhares de milhões de dificuldades.

Então descobri que eu só queria ser ouvido. Desde pequeno era esse meu objetivo: ser ouvido e agradar as pessoas ao meu redor. Agora cresci. Hoje me veio a seguinte pergunta: agradar porquê?

Ora! Sou leonino. Gosto de atenção. Gosto que as pessoas se importem comigo. Gosto que elas queiram saber o que eu estou fazendo…

Ok! Ok! Porquê?

Minha família esta longe, ninguém mais me julga pelo que sou. É como se eu tivesse morrido, pois sai do meu país em busca dos meus sonhos. Enquanto enviar dinheiro para a pensão do meu filho, estarei no “hall da fama da família”. Mas não enviei dinheiro esse mês. Meu verão europeu não foi dos melhores. Não fiz tanta grana assim e tenho que me apertar até o ano que vem. Ou seja…

Não reclamo da crise, porque não trabalho registrado. Sou livre, sou artista de rua. Passo chapéu no final da minha apresentação. Sou aquele mendigo sofisticado, que usa o circo e a imagem do Palhaço para viver.

Ganhei um presente da vida. Nasci inteligente o bastante para questionar. Sempre questionei o que deveria fazer para ser feliz. Ouvia que jamais seria um acrobata por exemplo. Como é gostoso dar a volta por cima.

ok. ok. Mas e daí?

Quando decidi parar de trabalhar com meus tios (pois a relação estava insustentável), vi que o que eu queria mesmo era o teatro. Pensava em fazer sucesso. Queria fazer novelas. Queria fazer filmes. Queria muitas coisas…. Era um merda dum alienado isso sim.

Dai você cresce e enquanto cresce vê um monte de gente fazendo o que você pensou que seria muito legal. Mas sempre escutou que não seria uma boa idéia.

Aos 19 anos, entrei para uma escola de teatro. Me formei e me fudi. Porque como todo recém-formado, você se fode. Se eu fosse um médico, advogado, fisioterapeuta (ou todas essas profissões de faculdade muito cara)…. ok. Seria respeitado. Mas não. Era a porra dum ator.

Então queria fazer capoeira, ginástica olímpica, circo….

“Mas o que é que tem a ver?” – Ouvia de todo mundo – você tem é que se especializar só em uma coisa e ser o melhor.

É impossível ser o melhor! Nem eu, nem você, nem ninguém será. Sempre existirá pessoas superando os limites.

Num determinado momento “de minha pequena vida”, decidi nunca mais ouvir ninguém. Começando por deus, porque a minha vida, como ela era, era uma consequência da minha crença em Deus. Achava que ia melhorar mesmo fazendo o que não amava.

Eu não sou contra um profeta ou alguém que diz que determinada pessoa tem que morrer em nome de deus ou do Estado. Não! Sou contra a pessoa que não perde um segundo para questionar: como assim? Peraê pastor, padre, rabino!!!! Tô de acordo com quase tudo que o senhor falou, mas… precisa mesmo matar?

A intolerância religiosa é a causa da grande parte dos problemas em todas as partes do mundo. No meu país, Brasil, os gays sofreram pra cacete. Sempre teve preconceito e ainda tem. Melhorou porque os caras puseram a cara pra bater. Mas não foram só na cara que eles apanharam. Se deus é amor, então deixa o gay sentir deus pelo buraco que ele quiser!!!

Então os negros, que sofreram e sofrem muito também, ganharam muita liberdade de expressão.  Mas ainda há muito a ser feito.

Aqui na França conheci os árabes. E com eles o islã. Vi mulheres sendo tratadas como objetos. A religião é moeda de troca. Alguns são violentos. Se dizem calmos, amigos, tolerantes mas não passam de pessoas extremistas. Novamente: porque o cara não questiona ao menos: “peraê mohamed, tem mesmo que matar???” “Olhe meu filho, você vai morrer só pra dar o exemplo em nome de deus! Alahhhhh ia! Pah!” E assim todo mundo acredita.

Ia na missa aos domingos. então descobri que me salvei. Porque depois de algum tempo ouvi historias de padres que abusavam de criancinhas. Pera amigo!!! Não esta batendo! Digo, não estou entendendo!

Aí vi a Mara Maravilha dizendo que quem não paga o dízimo está roubando deus.

VAI TOMAR NO CU!

minha vó

Porque essas coisas acontecem?

R=Porque a galera tem medo de se expressar.

Postei uma foto de bumbum no meu face. Minha mãe me chamou de “ridículo”, “sem noção” e que muitas pessoas que queriam saber do meu trabalho, ao entrarem no facebook e vendo uma foto dessas, eu estaria me queimando.

Porra mãe! Com um bumbum malhado desses? Só se elas fizerem parte dessa seleta parte da sociedade que veio pra azucrinar a vida de quem ta a fim de viver!!!

Pô mae, perae, com esse bumbum??!!

Pra terminar, tô muito puto em ser pai pela segunda vez. Estou me sentindo um bosta, um otário, um merda…

Nunca gostei da merda da camisinha. Fazer o quê? é a verdade. Não significa que saio fazendo sexo desprotegido com todo mundo. Mas também não significa que nunca fiz.

Quando a gente “sai entrando em tudo quanto é buraco”, a gente corre o risco de esbarrar em pessoas que não estão muito bem intencionadas. Assim veio minha filha.

Minha vida nunca foi um mar de rosas. Sempre me fudi bastante. Sempre digo que depois de tudo que passei até aqui, se não conseguir alcançar meus objetivos, será uma puta sacanagem de “deus” comigo. ahhahahaha

Sem reclamar muito pois sei que existem pessoas muito piores do que eu.

Logo, e com isso concordo, sou muito, muito muito feliz por ter braços, pernas e poder saltar feito um macaco no trampolim e mastro chinês. Sou feliz por poder ser palhaço e agir como palhaço. Em muitos lugares, me destaco.

Me lembro que, quando estive com uma psicóloga quando pequeno (porque minha mãe que me batia direto me achava insuportável e acreditava que eu precisava de tratamento), ela, (a psicóloga), me disse que eu tinha um brilho especial.

Tinha uns 14 anos. Essa frase foi magica!

Esse brilho iria me servir para o bem e para o mal. Pessoas da comunidade do bem iriam se aproximar enquanto as outras iriam tentar me destruir. Nunca vou esquecer aquela sessão. Caiu como uma luva. Entendi que eu queria, como uma estrela, brilhar. Na verdade não queria, quero. Seria ainda mais lindo se ouvisse isso dos meus pais.

Aceitei viver pelo e para o público. Às vezes me pergunto, porquê? Para ter a aceitação de quem esta no face? Para ter milhares de visualizações no youtube? Para ter grana e poder comprar o que quiser? Para poder sair com a mulher que quiser? Para sair na rua e ser conhecido por todos? Na boa, hoje, eu trocaria tudo que tenho e o que vou ganhar por um simples abraço do meu filho.

Então volto ao meu objetivo inicial; Viver pelo público. Porquê? PORQUE PRECISO/TENHO A OBRIGAÇÃO DE MOSTRAR AOS MEUS FILHOS, (QUE NÃO PEDIRAM PARA ESTAR AQUI), QUE SOU UM SUPER-PAI, QUE VOU VOLTAR PRA CASA E QUE ACIMA DE TUDO SONHOS SÃO SIM REALIZÁVEIS.

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